A Falsa Promessa das Melhores Práticas: Por Que Simplificar o Sucesso Pode Ser um Erro

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A Busca pela Excelência

A Ilusão das Melhores Práticas nas Organizações

A Busca pela Excelência

Na vida, todos sabem que não se pode simplesmente pegar o esforço de outra pessoa e transformá-lo em sucesso próprio. O que se aprende através da experiência pessoal é insubstituível. Por exemplo, a dedicação de alguém na academia não fará outra pessoa ficar em forma. O tempo que um esquiador passa nas montanhas não tornará um novato em um expert. E os dedos calejados de um guitarrista não garantem que outro se torne um grande músico.

O Valor da Experiência Pessoal

A realidade é que a excelência não pode ser copiada. Cada um precisa passar por seu próprio caminho de esforço, aprendizado e superação. Essa verdade é clara, mas muitos se iludem achando que isso não se aplica ao ambiente organizacional. Por que acreditam que podem simplesmente adotar a trajetória de sucesso de alguém e aplicá-la em suas vidas profissionais?

Essa crença equivocada é uma das razões pelas quais a execução de estratégias se torna alvo de piadas nas empresas. Muitas vezes, os manuais de consultoria acabam esquecidos, pois a diferença entre receber instruções e realmente colocá-las em prática é imensa.

Conhecimento vs. Sabedoria

Um dos principais fatores que contribuem para essa confusão é a mistura entre conhecimento e sabedoria. As melhores práticas são, na verdade, conhecimento. Para colocá-las em prática, é necessária sabedoria. O conhecimento pode ser registrado em livros, enquanto a sabedoria é adquirida através de tentativas, erros, riscos, experimentação, falhas e aprendizado.

Embora o conhecimento possa ser compartilhado, a sabedoria não pode. As organizações que se destacam são aquelas que desenvolvem uma sabedoria coletiva. Os membros trabalham juntos, testando e aprimorando constantemente suas habilidades, criando uma memória muscular que não pode ser expressa em palavras.

O Papel das Melhores Práticas

As melhores práticas servem como mapas direcionais. Elas oferecem conhecimento sobre o território, mas não fornecem a sabedoria necessária para navegar por ele. No pior dos casos, essas práticas são confundidas com sabedoria, levando a resultados insatisfatórios.

Organizações bem-sucedidas se veem como máquinas de criação de sabedoria. Cada experiência, seja de sucesso ou fracasso, se torna um aprendizado valioso. Elas valorizam a sabedoria gerada internamente e a compartilham incessantemente, promovendo uma cultura que incentiva a assunção de riscos, o fracasso e o aprendizado.

O Olhar Crítico sobre as Melhores Práticas

As organizações de alto desempenho compreendem que as melhores práticas são, por definição, retroativas. Elas explicam o sucesso após ele já ter ocorrido. Essas práticas não conseguem prever as diversas variáveis que podem surgir em uma situação futura.

Friedrich Nietzsche destacou que, ao concluir um projeto, as pessoas frequentemente percebem que aprenderam algo crucial que deveriam ter conhecido antes de começar. Embora existam práticas conhecidas para a construção de casas, a verdadeira compreensão vem apenas da experiência prática.

A Importância das Capacidades Organizacionais

A maior parte da vantagem competitiva de uma organização vem de suas capacidades. Não existem atalhos para construí-las, mas, uma vez desenvolvidas, tornam-se difíceis de replicar.

Alexis de Tocqueville notou a obsessão dos americanos pela prosperidade e como frequentemente se preocupavam em não ter escolhido o caminho mais curto para alcançá-la. Essa busca desenfreada por atalhos ainda ressoa na forma como as organizações se apegam às melhores práticas, acreditando que são uma solução rápida para o sucesso.

Os Riscos da Dependência

A ironia é que essas tentativas de adotar as melhores práticas sem disposição para correr riscos muitas vezes resultam em execução deficiente e um aumento do ceticismo. Um dos problemas mais sérios é que as melhores práticas podem dar uma falsa sensação de confiança. Ao acreditar que elas possuem a resposta para os problemas, muitos deixam de fazer o trabalho árduo de descobrir as soluções por conta própria.

O Verdadeiro Valor

O ponto crucial que muitas vezes é esquecido é que o verdadeiro valor não está nas práticas em si, mas no trabalho necessário para descobri-las. O aprendizado que vem da prática e da experiência é o que realmente importa. Para aprimorar esse aprendizado, é fundamental investir no desenvolvimento de habilidades de liderança e na importância do feedback para o crescimento contínuo das equipes.

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